3.12.08
gala drop
Gala Drop são Afonso Simões, Guilherme Gonçalves, Nelson Gomes, Tiago Miranda. Começaram por ser apenas os dois últimos, em estratégia drone livre, experimentação levada literalmente ao tapete, e hoje o que ouvimos? Kraut-dub de proporções cósmicas? É uma hipótese. Nelson diz “Bushman yoga”, o que naturalmente aceitamos como verdadeiro. O álbum é também uma excursão a locais sugeridos longe daqui. Com total respeito, vemos em Gala Drop não a inscrição numa “herança de música negra” que alinha o Ocidente pelo beat africano mas a consciência despreocupada de quem absorve as suas influências em acto de exorcismo benéfico, reciclagem e, até, coragem criativa. Mexer com deuses ancestrais pode trazer maldição, mas Gala Drop sabem do segredo por dentro e evitam todas as armadilhas montadas para fazer vítima o explorador incauto. Não se diz que todos os passos são calculados, antes que a harmonia universal convocada por este disco dispensa interpretações muito teóricas. Kek-W escreve na FACT: “Há a sensação de que a banda está a dar seguimento a alguns diálogos musicais antigos, que foram interrompidos ou abandonados em vários momentos do passado. Diferentes fios condutores históricos convergem subitamente ou entrecruzam-se neste álbum e eu, pessoalmente, acho isso muito excitante.”
A naturalidade com que o groove é mantido em todas as sete faixas no álbum faz parar o tempo numa corrente de som que podia não ter conclusão. Não existe propriamente princípio, meio e fim, mas um continuum que, em poucos instantes, faz acreditar que este som sempre esteve lá. Complexa e minuciosa mas de simples fruição, a música de Gala Drop parece sair de todas as cabeças em uníssono para entrar em qualquer corpo que esteja por perto. É um prazer.
"Possuem aquela dose de familiaridade (desejo de comunicar com o outro) e de estranheza (aquilo que fica connosco e que não é facilmente traduzível) que tem contribuído para criar alguma da mais aventureira música da actualidade. Existe qualquer coisa de escultórico nesta sonoridade, na forma como ecos e reverberações coabitam com ritmos percussivos dispostos em câmara lenta, num conjunto de camadas de som que sobrepõe, criando um ambiente letárgico, onde tempo e espaço se dilatam, confluindo para o tema final, "Crystals", míriade de melodias e ritmos que comprovam o poder de sugestão desta música." in PÚBLICO/ÍPSILON
“É um dos momentos mais singulares na música portuguesa das últimas duas décadas. Não é pop, mas também não é rock. Tem matrizes da música negra ou da electrónica, mas não faz dançar numa discoteca. O seu lugar é, contudo, a contemporaneidade, e isso é notório na dimensão escultórica do som ou no modo como a linearidade dos temas permite, quase imperceptivelmente, uma profusão de melodias e ritmos.” in TIME OUT
entrevista na FACT
video de "Crystals" por Alexandre Estrela
myspace
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4 comentários:
boa!
boa! és rápido...
e 2ª feira é feriado... :)
pois é...para alguns! he he.
rápido? n percebi...
rápido por isto:
http://origamiruc.blogspot.com/2008/11/playlist-24-novembro-2008.html
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